O tratamento dos doentes com tumores malignos é multidisciplinar combinando três armas terapêuticas: a cirurgia, a medicina oncológica e a radioterapia. Estima-se que mais de metade (cerca de 50-60%) dos doentes com cancro necessitará, numa determinada fase da sua doença, de realizar radioterapia, com intuito curativo ou paliativo (Bolderston et al, 2006). A radioterapia utiliza radiação ionizante responsável pelo dano nos componentes celulares da pele, nomeadamente da camada basal, conduzindo a um desequilíbrio entre a normal produção celular nesta camada e a destruição celular à superfície cutânea.

A toxicidade e complicações radioinduzidas têm sido amplamente estudadas, sendo a radiodermite ou ferida radiógena um dos efeitos agudos mais frequentes. A incidência real da radiodermite é difícil de determinar, no entanto estima-se que entre 80-90% dos doentes submetidos a radioterapia vão experienciar algum grau de radiodermite sendo que a maioria é de menor intensidade (eritema ligeiro e descamação seca) e que 10-15% são graus mais avançados (descamação húmida e ulceração) (Calvo, 2010).

A utilização de técnicas mais avançadas nos últimos anos, está associada à diminuição da intensidade e severidade das reações cutâneas (BC Cancer Agency, 2013). No entanto, os esquemas de Quimioterapia/Radioterapia, assim como as doses progressivamente maiores de radioterapia, e os fracionamentos alterados, fazem com que a toxicidade cutânea continue a ser um problema de primeira linha na prática clínica.

Os enfermeiros desempenham um papel cada vez mais relevante no tratamento de radioterapia, garantindo que todos os doentes recebem as informações e os cuidados necessários antes, durante e após completar o tratamento.

As medidas preventivas da radiodermite demonstram ser eficazes, no entanto não existe uma recomendação standard para o seu tratamento. Os estudos comparativos são escassos, com metodologia heterogenia e diferentes objetivos, o que dificulta a comparação dos resultados. Há sim múltiplos tratamentos baseados na experiência de cada centro e com base na evidência científica publicada.

Cuidar do doente submetido a tratamento de radioterapia exige conhecimento e competências específicas, pelo que é fundamental envolver os vários profissionais de saúde que contactam com o doente com radiodermite com vista à melhoria continua da prestação de cuidados.

É com esta finalidade que a APTFeridas promove o Curso radiodermite – curso inicial que se apresenta.

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